A equipe do Conveniar esteve presente no XI FAIPES, encontro das fundações de apoio de Minas Gerais, realizado pela FADEPE, em Juiz de Fora, nos dias 21 e 22 de maio.
O evento contou com palestras muito interessantes, com fundações apresentando suas inovações em gestão, em posicionamento de mercado, em marketing e no uso de tecnologia. Discutiu-se também as principais dificuldades que estas fundações têm enfrentado e de que formas podem superá-las.
Dentre todas as palestras, uma se destacou, pois foi um depoimento de um pesquisador da UFMG, cliente da fundação FUNDEP, que salientou todo o trabalho que ele tem realizado como pesquisador e como a fundação tem apoiado seu trabalho.
A equipe do Conveniar fez questão de entrevistar o professor Gustavo Batista de Menezes, que nos atendeu prontamente após sua palestra.
A relação entre pesquisadores e fundações de apoio é crucial para potencializar os resultados de um projeto. Qual gatilho fez você se aproximar e entender melhor sobre a FUNDEP, fundação responsável pela gestão dos seus projetos?
O que me fez aproximar foi quando precisei fazer compras maiores para os meus projetos, principalmente equipamentos importados, de alto valor. Comecei a perceber que precisava de uma ajuda de profissionais que entendiam de toda a logística, desde o pagamento internacional, da isenção de impostos para projetos de pesquisa pública, do frete, dos problemas que eu poderia ter com o equipamento depois, quem daria a garantia caso fosse necessária. Comecei a perceber que uma fundação seria muito importante pra mim.
Quando eu procurei pelas primeiras vezes a FUNDEP, vi como que este amparo desde a compra até a entrega era importante. E por muitas vezes depois tive problemas com a garantia que eu só consegui acionar porque tinha uma fundação por trás, uma vez que a fundação só paga quando eu recebo a mercadoria. Certa vez, recebi errado e me orientara, a segurar o pagamento até que eu tivesse uma garantia. Se fosse uma pessoa física, eu não teria essa maldade. Isso é muito importante.
Antes disso, você já tinha ouvido falar sobre a fundação? Sobre o que ela faz?
Felizmente. Meus primeiros projetos, como o recurso financeiro vinha pela própria FUNDEP, eu não tinha opção de fazer o projeto acontecer fora daquele ambiente, fui conhecendo a fundação pela “obrigatoriedade”. Com o tempo, foi funcionando tão bem que passou a ser uma escolha minha, comecei a direcionar projetos para a gestão deles que não necessariamente precisariam passar pela fundação. Acho inclusive que as fundações precisam se mostrar mais para a universidade. As pessoas, em sua maioria, não sabem o quanto as fundações podem otimizar tarefas e auxiliá-las do dia-a-dia.
Qual é o papel principal da fundação, ou mais especificamente, da FUNDEP para a UFMG?
Acredito que a FUNDEP é multifacetada na universidade. Hoje vejo que ela tem o papel de me ajudar a usar o recurso da melhor maneira possível. Isso inclui desde gastar o dinheiro dentro das normas da lei, investindo da melhor maneira possível, porque se ela consegue um preço melhor no equipamento e no reagente, gasto melhor e menos do recurso disponível. Provavelmente eu, como pessoa física, não consigo ter a força de mercado que a fundação tem. “O papel é ainda maior de me ajudar, inclusive, a indicar em quais editais eu sou mais competitivo”. Nesse contexto, a FUNDEP me informa da abertura de editais, alguma empresa ou instituição que possa ter interesse em financiar a pesquisa. Ela tem um papel multifacetado e fundamental na universidade.
Para finalizar, como o pesquisador pode entender melhor a fundação? Digo, um pesquisador que ainda não teve a experiência com a fundação como você teve.
Assim como o pesquisador tem que buscar mostrar o seu próprio trabalho, acredito que a fundação, de certa forma, tem também que ficar mais próxima do pesquisador. Entendo que se os dois fizerem sua parte do caminho, o encontro será mais rápido. O pesquisador tem que entender que a fundação é importante (muitos já entenderam isso), enquanto a fundação precisa devolver para o pesquisador a informação de que o seu projeto custava X mil reais e que, pelo intermédio e trabalho desempenhado por ela, foi economizado tantos por cento deste dinheiro.“O pesquisador precisa entender que o valor pago para a fundação é menor que o valor economizado, isso acaba com todo o argumento contra uma fundação”.
Ou seja, se uma fundação cobra 7% e no final o projeto ficou 15% mais barato, além da economia de recurso, o trabalho desempenhado pela fundação saiu de graça. Esta gestão inteligente já funciona em empresas que estão com dificuldade financeira, por exemplo, e contratam um gestor econômico. A fundação tem que reforçar para o pesquisador que não é um gasto para a universidade ou coordenador e sim um investimento. Eu estava até sugerindo uma comparação para elucidar o impacto da diferença, por exemplo, quanto consigo comprar com R$10 mil sem orientação e quanto que este mesmo valor conseguiria comprar com o apoio da fundação. Se esta diferença for significativa, a fundação é necessária. Não como órgão regulador, mas como órgão facilitador.