Gestão

Esqueça os discursos bonitos: gerenciar é extremamente desconfortável

Esqueça os discursos bonitos gerenciar é extremamente desconfortável
Escrito por Conveniar

Muitos são os discursos polidos que fazem parecer que o caminho até a excelência em gestão é uma linha reta. Nós que vivenciamos o dia-a-dia desse contexto sabemos que são muitos os obstáculos. Evoluir em busca de resultados duradouros é extremamente desconfortável para todos os envolvidos, especialmente no período inicial de adaptações.

Ainda que seja uma organização privada, a burocracia, morosidade e ineficiência ainda se faz presente na maioria das fundações de apoio. Muitas lideranças e gestores ainda pensam que as técnicas, métodos e ferramentas de gestão são pertinentes apenas ao tradicional sistema empresarial.

Como admitir que uma organização que gerencia milhões de reais em recursos de pesquisa, busque resultados sem objetivos e metas bem determinados, sem planejamento, capacitação de colaboradores, controles eficientes e ainda pautado nas velhas crenças do “sempre foi feito assim”.

Conversamos com Getúlio Ferreira, superintendente da Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (FEST) que dividiu com a gente alguns aprendizados dos seus longos anos de experiência em gestão. Vamos ler um pouco sobre quem compartilha dos nossos desafios? 

Como trazer a produtividade das grandes empresas para a realidade das fundações de apoio?

A busca pela produtividade pode facilmente ser alcançada mediante adaptações a diferentes contextos organizacionais. Infelizmente a realidade de muitos chefes (e não líderes) é focar no combate aos efeitos de processos mal estruturados, apenas corrigindo os erros que aparecem pelo caminho. O ideal é praticar uma gestão direcionada no controle de causas dos processos do início ao fim, prevenindo desgastes e caminhando rumo aos resultados desejados.

Qual é a peça chave para minimizar erros e alcançar um nível superior em gestão?

A principal peça para o sucesso de qualquer tipo de organização são as pessoas. A motivação e intenso treinamento técnico e humano são de fundamental importância para que os demais fatores que afetam a produtividade. O gerenciamento do ser humano em todas as etapas, processos e resultados faz com que as metas se tornem realidade. É preciso sair do modo automático de chefia que foca na correção de problemas para ser o líder que planeja, pensa, delega e com isso, faz com que as coisas aconteçam.

Existe verdade por trás do clichê motivacional?

Muito se fala sobre motivar os colabores e o impacto dessa motivação nos resultados alcançados. Porém, por trás da simples motivação temos uma série de comportamentos de auto responsabilização que impactam toda a estrutura organizacional. Em extensa pesquisa sobre as causas do sucesso de grandes empresas como Disney, IBM e e McDonalds, Tom Peters e Robert Waterman, autores do best seller “In Search Of Excellence”, resumiram em uma frase a principal causa de sucesso: TUDO VEM DAS PESSOAS!

O resultado da pesquisa reforça a importância da capacitação e da boa saúde psicológica das pessoas na consolidação de um comportamento proativo. Ter ciência do papel da motivação dos colaboradores no atingimento dos objetivos é fundamental, mas analisar nossas atitudes e entender como elas podem nos impedir de alcançar as metas é crucial para o sucesso da fundação.

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Quais seriam essas atitudes?

Muitas vezes comportamentos negativos influenciam nosso ambiente de trabalho, amigos e colaboradores, contaminando as pessoas ao redor de forma a prejudicar os resultados que buscamos. Trago aqui sete leis da potencialização humana que, se adaptadas a cada contexto e aplicadas pelos gestores, líderes e demais pares produzem excelentes resultados e melhora consideravelmente a sinergia da equipe.

Agora falando do lado positivo, qual o impacto de ampliar a participação dos colaboradores nos assuntos da fundação? Aquela história de “manda quem pode, obedece quem tem juízo” faz algum sentido em um cenário de excelência em gestão?

Ainda existe a mentalidade hierárquica de que as ideias criativas e inovadoras vêm das chefias e dos altos níveis das organizações. Não se pode negar que o nível de conhecimento estratégico está mais associado aos níveis superiores, entretanto, o treinamento, participação, desenvolvimento de habilidades e acompanhamento de todos os colaboradores influencia positivamente o florescimento de realizações fantásticas. Abrir espaço para a participação ativa dos colaboradores é, portanto, uma estratégia eficiente para atingir a melhoria contínua em todos os setores da fundação.

Quais princípios você considera fundamental para uma gestão eficaz?

Existem alguns princípios que convergem para o exercício da qualidade na gestão e corroboram para resultados positivos em qualquer ambiente. Gosto de elencar oito etapas da boa prática de gestão, são elas:

1.Tempo não é dinheiro, tempo é vida;

2.Para organizar os outros, primeiro é preciso organizar a si próprio;

3.Não confunda delegar com abdicar;

4.Ninguém consegue fazer tudo sozinho – organize, delegue e controle;

5.Uma boa comunicação deve ser sua principal meta. Todos os problemas derivam de má comunicação ou sua falta;

6.Nem sempre o que é urgente é importante;

7.Não delegue sem antes:

a)planejar projetar e definir procedimentos

b)definir meios e metódos para atingir o planejado

c)treinar os envolvidos;

8.Consolide a delegação executando a tarefa, acompanhando e controlando os resultados.

Colocar em prática uma gestão eficaz e eficiente não é tarefa fácil, e depende principalmente de investimentos contínuos em capacitação do colaborador. Além de suprir a pessoa de conhecimento para que ela possa desempenhar o trabalho da forma mais adequada, o colaborador também se sente mais motivado a alcançar os objetivos da organização, são passos fundamentais para uma boa liderança.

Nessa “receita de sucesso”, existe uma prática que se destaque?

Para a prática da gestão focada em resultados, a presença do método PDCA (Plan, Do, CheckAction), propagado pelo Dr. W. Edwards Deming  no DNA da organização é crucial. Saber delegar não só valoriza as pessoas envolvidas no projeto como também ressalta demasiado a figura do líder que busca uma equipe comprometida com as metas e corresponsáveis pelos resultados. 

Diante do cenário da redução de investimentos em pesquisa, transparência e eficiência na gestão de recursos não é mais uma escolha. Se você deseja que sua fundação se mantenha competitiva no mercado o primeiro passo dessa longa jornada é trabalhar os pontos que discutimos nesse artigo. Liderança, proatividade e pessoas são peças-chave para que a engrenagem do gerenciamento funcione em harmonia.

 

Getulio Ferreira Apolinário

Getulio Ferreira Apolinário

Não deixe de acompanhar o blog Gestão e Resultado do superintendente da Fundação Espírito-santense de Tecnologia – FEST.

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